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CNA Jovem 10 anos: Caminhos e conexões com o campo

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Conheça a história dos irmãos Marcelo e Paula Hofmeister

Paula Marcelo

Brasília (10/10/2024) – Os irmãos Paula e Marcelo Hofmeister cresceram com o exemplo dos avós e dos pais no dia-a-dia da propriedade rural no Sul, foram educados com total liberdade para traçar caminhos em busca de conhecimento, de experiência profissional. Tudo que aprenderam, e aprendem nessa trajetória, serve para fortalecer ainda mais a conexão de ambos com o campo.

“Tivemos uma infância abençoada no campo. Somente quando eu tinha 11 anos, e a Paula 10 anos, foi que saímos para estudar na cidade, em Pelotas (RS)”, relembra Marcelo, hoje com 33 anos.

Paula fala sobre a ligação com os pais e avós. “Eles nos ensinaram a trabalhar no campo e nos deram a liberdade para decidir o nosso futuro. Trabalharam de uma forma diferenciada a sucessão familiar”, diz.

Marcelo e Paula entre os pais Maria Cândida e Carlos Hofmeister

A propriedade da família, a Estância Coronilha, fica em Pedras Altas (RS) e se destaca pela diversidade de suas atividades. Além de possuir rebanho de bovinos e ovinos, fazem parcerias na produção e no armazenamento de soja. A propriedade também abriga uma área destinada ao cultivo de videiras europeias – o Vinhedo Pedras Altas, que hoje produz e comercializa vinhos e espumantes.

Depois de ir para a cidade cursar o ensino médio e a faculdade, os irmãos tomaram rumos profissionais distintos.

Marcelo mora atualmente no Alabama (EUA), trabalha em uma consultoria focada em gestão empresarial no setor agropecuário, e Paula é assessora ambiental e coordenadora da Comissão de Meio Ambiente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul).

Mesmo com as carreiras bem-sucedidas, os irmãos nunca deixaram de dar atenção e acompanhar de perto as atividades e a gestão na propriedade.

Paula e Marcelo ajudam o pai (foto) na gestão da propriedade da família

“Marcelo, ainda que remotamente, é o responsável pelo fechamento do balanço, fluxo de caixa, investimentos e tudo relacionado à gestão e às finanças. Tomamos as decisões em conjunto com os nossos pais utilizando a tecnologia como aliada”, diz Paula que acompanha as atividades produtivas.

Em 2018, quando era recém-formada em engenharia ambiental, Paula descobriu por acaso uma iniciativa do Sistema CNA/Senar que faria toda a diferença na sua vida profissional e iria estreitar ainda mais seu vínculo com o campo: o CNA Jovem.

O programa, que comemora 10 anos neste ano, foca no desenvolvimento de lideranças no setor agropecuário. “Recebi uma foto de participantes do CNA Jovem da amiga Beth Lemos, durante visita a uma propriedade rural da região”, ressalta Paula.

Ela não deixou a oportunidade passar e se inscreveu no programa e participou da 3ª edição. “Meu projeto ‘Desmistificar as Ações Negativa do Agro’ visava levar a pauta ambiental para o setor, além de promover o uso de energias renováveis no campo para reduzir a dependência de concessionárias de energia”, conta Paula.

Paula durante participação da 3ª edição do Programa CNA Jovem

Pelo seu potencial de liderança e competências desenvolvidas, o Programa reconheceu Paula entre os três jovens destaques e proporcionou a eles em 2019 uma viagem ao Vale do Silício, na Califórnia, onde tiveram a oportunidade de conhecer novos modelos de negócios. “Foi uma experiência sensacional. Conheci vários hubs de negócios. Isso ampliou minha visão sobre novos negócios e inovações no setor agropecuário”, afirma.

Viagem ao Vale do Silício, na Califórnia, proporcionou oportunidade de conhecer novos modelos de negócios

O CNA Jovem proporcionou não só crescimento profissional. “Aprendi a me posicionar, a debater, discutir ideias e descobrir o meu verdadeiro potencial, foi um enorme crescimento, além da experiência de estar em contato com outras pessoas de diversas realidades e estados brasileiros”, diz.

Aquela experiência fez Paula convencer Marcelo a conhecer o CNA Jovem. “O programa mudou tanto a minha vida que queria que o meu irmão passasse por aquela experiência”, diz.

Formado em Administração de Empresas e com experiência em gestão financeira no agronegócio, Marcelo também encontrou no CNA Jovem uma oportunidade de reorientar sua carreira.

Marcelo fez a 4ª edição do Programa CNA Jovem, realizado de forma virtual

Ele estava em um período de mudanças profissionais. Após um intercâmbio, de dois anos na Nova Zelândia, e de uma experiência em uma empresa privada, ele voltou à Estância Coronilha durante a pandemia. Em 2020, incentivado pela irmã, Marcelo se inscreveu e participou da 4ª edição do programa, primeira realizada totalmente online. “Minha irmã foi uma grande inspiração”.

Na iniciativa que desenvolveu durante a jornada no CNA Jovem, Marcelo abordou educação financeira no agro com o objetivo de ajudar famílias rurais a separarem as finanças pessoais das empresariais, além de incentivar a formação de uma reserva de emergência e de investimentos. “Fiquei entre os dez finalistas e recebi apoio de instituições e sindicatos rurais para desenvolvê-lo”, relata Marcelo.

A experiência teve um impacto significativo em sua carreira. Marcelo foi convidado a retornar ao mercado de trabalho desta vez em um cargo de liderança, como coordenador de Gestão Econômica e Financeira na empresa Safras & Cifras, onde já havia trabalhado.

Marcelo Hofmeister

Hoje ele lidera a expansão da empresa para a América Latina, atendendo o Brasil, Bolívia e Uruguai. “Se não tivesse participado do CNA Jovem, não teria tido coragem de encarar esse novo desafio. O programa, também por ter sido totalmente virtual, me preparou para trabalhar online, liderar equipes à distância e tomar decisões estratégicas com confiança”, afirma Marcelo.

Ainda devido ao seu desempenho de liderança, Marcelo foi convidado a assumir a vice-presidência da Comissão Nacional de Política Agrícola da CNA, onde permaneceu no cargo de março de 2022 até agosto de 2024. “Tenho paixão pela inovação, pelo compartilhamento de ideias e de novas perspectivas para o setor”, destaca.

Os irmãos têm conhecimento da importância de contribuir para o setor agropecuário com uma visão estratégica e inovadora, com o foco no desenvolvimento do campo e da gestão eficiente das propriedades rurais. Por isso, combinam suas atividades profissionais com o gerenciamento da propriedade familiar.

Família Hofmeister reunida no campo

“Nossos pais nos ensinaram a importância da qualificação e de seguir nossos próprios caminhos. Somente depois de adquirir conhecimento e experiências externas é que poderíamos voltar para contribuir de forma mais significativa na propriedade”, conclui Marcelo.

Para Paula e Marcelo, o Programa CNA Jovem não só transformou suas vidas, mas também reforçou a relevância do conhecimento e da inovação para o fortalecimento do agro no Brasil.

A história dos irmãos é a oitava reportagem de uma série de matérias que serão divulgadas até dezembro de 2024 para celebrar os 10 anos do programa CNA Jovem.

Matéria original: https://cnabrasil.org.br/noticias/cna-jovem-10-anos-caminhos-e-conexoes-com-o-campo

CNA Jovem 10 Anos: continuar no campo motivada por um propósito

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Conheça a história de Larissa Zambiasi, pecuarista em Coqueiros do Sul

Brasília (10/08/2024) – Por sete anos, Larissa Zambiasi, 26 anos, guardou suas economias e, ao contrário do que fazem muitos jovens da sua idade, não investiu em uma casa, um carro, uma viagem. Adquiriu neste ano um hectare no interior do Rio Grande do Sul, seu “primeiro pedaço de terra”.

Tudo para realizar o sonho de “continuar” como produtora rural na atividade familiar que sempre viu os pais exercerem. Não é à toa que as palavras “continuar”, “permanecer”, “suceder” têm um significado especial nos projetos e na vida dela.

Larissa é filha de pecuaristas de leite em Coqueiros do Sul (RS) e, desde muito pequena, suas conversas com os amigos na escola eram sobre o dia a dia na propriedade da família. “Era comum falar sobre o trabalho realizado na fazenda, de como cuidar das silagens, dos tratamentos aplicados aos animais. Esse era o meu assunto”.

Larissa com os pais Dilamar e Marilin Zambiasi.

Os pais faziam questão de ensinar Larissa e as irmãs gêmeas Daniele e Gabriele tudo sobre a propriedade, de mostrar a elas a importância de manter os vínculos com o campo. E assim cresceram em meio à produção de leite e aos cuidados com os animais.

O resultado não poderia ser diferente. Hoje, na propriedade da família, Larissa fica na parte administrativa, cuida da ordenha, da compra de insumos e de medicamentos. Daniele, que é veterinária, é a responsável por tratar da saúde dos 150 animais da propriedade.

“Nós trabalhamos lado a lado em prol da propriedade, de tudo o que temos aqui. Seguimos os passos dos nossos pais, já estamos há sete anos nesse processo para dar continuidade ao empreendimento familiar”, diz Larissa que agora também terá “seu pedaço de chão” para cuidar.

Larissa (de touca) com a irmã Daniele, que é veterinária.

Antes de trilhar seu caminho, Larissa enxergou a oportunidade de unir o “vínculo com a produção de leite” e seu “senso de organização”. E dessa equação buscou no cooperativismo a oportunidade de contribuir e desenvolver a atividade agropecuária na região de Coqueiros do Sul, uma região com vocação na pecuária.

Larissa foi cursar “Gestão de Cooperativas”, formação que deu a ela ferramentas para melhorar sua atuação no negócio da família e para ampliar a visibilidade da pecuária leiteira local.

“Era uma formação que me auxiliaria a melhorar os processos de gestão da propriedade. Então comecei me engajando no cooperativismo”, diz ela que assumiu vários cargos na área, nas esferas estadual e nacional, chegando inclusive a ser embaixadora do cooperativismo brasileiro.

Em 2020, mesmo com as restrições impostas pela pandemia, Larissa não parou a busca pelo conhecimento e participou da 4ª edição do CNA Jovem – Programa de Desenvolvimento de Lideranças do Sistema CNA/Senar.

Edição do programa foi totalmente online devido à pandemia da Covid-19.

Larissa lembra que o programa, que aconteceu de forma totalmente online e com encontros remotos, foi o que mais a transformou e a desenvolveu para se tornar uma liderança. A dedicação ao CNA Jovem e a demonstração de tantas competências desenvolvidas nessa jornada deu a ela um lugar entre os dez destaques da 4ª edição.

Produção de leite da família.

“Procurei aproveitar todas as oportunidades durante o programa para me desenvolver, fiz isso com muita garra, com muito afinco e, mesmo assim, foi uma surpresa ficar entre os dez. É uma grande honra ter sido uma das finalistas do CNA Jovem.”

A iniciativa de Larissa no CNA Jovem foi na área de sucessão familiar, um tema muito desafiador para o setor, mas como encontrar soluções para incentivar os jovens a, cada vez mais, permanecer no campo?

Foi então que ela criou um plano de sucessão familiar e aplicou, inicialmente, para 36 famílias no Rio Grande do Sul, com foco em melhorar a convivência familiar, aproximar as gerações e facilitar o processo de continuidade familiar. “Hoje devem ter mais de 150 famílias que aplicaram esse mesmo projeto. Ele evoluiu, mudou de nome, hoje se chama Plano de Continuidade Familiar”.

Larissa e a família.

O projeto que começou a tomar forma no CNA Jovem hoje é o seu propósito de vida. “Meu propósito é liderar jovens sucessores para que permaneçam no empreendimento familiar. Quando trabalho o plano de continuidade, que iniciou lá no CNA Jovem, reafirmo esse propósito todos os dias.”

Muitas portas foram se abrindo no caminho. Produtora rural, professora, palestrante, instrutora do Senar-RS, coordenadora dos Comitês de Jovens Cooperativistas da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) e do Sistema Organização Cooperativa do Rio Grande do Sul (Ocergs), além de embaixadora do cooperativismo brasileiro.

Se dividir entre a produção de leite e os outros projetos profissionais faz parte da sua contribuição para o processo de sucessão de outros jovens “em todas as regiões que eu puder alcançar. Quero continuar investindo no agro, usando minha representatividade para influenciar positivamente outras realidades”.

Gabriele, irmã de Larissa, com o sobrinho, o pequeno Valentim.

Quando as três irmãs estão na propriedade da família em Coqueiros do Sul, Larissa enxerga o futuro no pequeno Valentim, filho de Gabriele.

“A relação dele com o agro já é muito forte. Ele tem três anos, adora ficar no meio dos animais e brincar pelas lavouras com sua bota de borracha. É uma criança que está aproveitando o melhor que a gente tem do campo para seu crescimento”, conta a tia Larissa.

É mais uma certeza para a jovem Larissa Zambiasi, de alguém que está vindo para continuar o trabalho iniciado lá atrás pelos avós.

Matéria original: https://www.cnabrasil.org.br/noticias/cna-jovem-10-anos-continuar-no-campo-motivada-por-um-proposito

CNA Jovem 10 Anos: Leis, roça e sorvetes

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Conheça a história e os projetos de Érica Zambanini, no interior de São Paulo

Brasília (10/07/2024) – Tribunal de Justiça, sorveterias, escritório de advocacia, café, frutas e sucessão familiar no campo. O que para muita gente pode não ter uma ligação imediata, faz todo o sentido na vida e nos projetos da advogada e produtora de mangas e goiaba Érica Zambanini, 29, em Itápolis, no interior de São Paulo.

Para Érica, gostar do agro é gostar de desafios, e ela sempre esteve em busca de se desafiar. Em 2022, participou da 5ª edição do CNA Jovem, uma iniciativa do Sistema CNA/Senar focada no desenvolvimento de novas lideranças, experiência que mudou sua vida.

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Érica faz parte da quarta geração de uma família que começou a relação com o campo quando os bisavós italianos desembarcaram em solo brasileiro. Vieram, como muitos, em busca de oportunidades, de uma vida digna. Parte desses imigrantes se fixou no interior de São Paulo para trabalhar no cultivo de café.

Érica durante os encontros do CNA Jovem.

“Nasci no agro, então foi natural seguir os passos da família na produção de frutas. Os bisavós se instalaram no mesmo lugar onde nossa família está até hoje. Meu avô deu continuidade. Hoje, meu pai e minha mãe estão à frente da propriedade”, diz Érica.

A força e o exemplo da família sempre foram a inspiração para ela trilhar os próprios caminhos. A partir do “amor pelo agro” e “por aquilo que é justo”, Érica decidiu cursar Direito e se especializou nas questões relacionadas ao agronegócio.

A produtora com os irmãos e o pai.

Foi assim que a vida de Érica acabou dividida entre a propriedade rural e os escritórios de advocacia nas cidades de Itápolis e Ibitinga. “Consegui juntar as duas paixões. Atuo na defesa do agro e sempre digo que sou advogada graças ao setor que me proporcionou essa oportunidade.”

Gelado da Roça – Nascida e morando em Itápolis, conhecida como “a capital nacional do sorvete”, uma questão sempre incomodou Érica: por que as sorveterias da cidade não compravam frutas dos produtores locais?

E foi aí que surgiu o “Gelado da Roça”, projeto para valorizar o produtor rural e garantir fruta de qualidade para os sorvetes que são produzidos nas inúmeras sorveterias da cidade e da região.

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“Ele nasceu dentro do CNA Jovem, e como liderança local, eu via que as sorveterias e os produtores locais não tinham proximidade, então, com as dicas do programa, desenvolvi o projeto.”

“E por incrível que pareça, as sorveterias compravam frutas vindas de outras localidades. Então, fizemos um levantamento para mostrar aos comerciantes o que era produzido na região. Foi assim que surgiu o Gelado da Roça”.

Laranja, limão, manga, goiaba, as matérias-primas estavam todas ali, em propriedades familiares. Em parceria com o Sebrae, o Gelado da Roça também faz capacitações e palestras para os produtores rurais e empresários.

“Entregamos esse conhecimento aos produtores para que consigam também ter poder de negociação com as sorveterias e melhores preços. Com isso, por ser local, as frutas chegam com qualidade superior, o que propicia a produção de um sorvete de qualidade.”

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CNA Jovem – O Gelado da Roça foi a iniciativa que Érica desenvolveu durante a 5ª edição do CNA Jovem. Ela conheceu o programa do Sistema CNA/Senar pelas redes sociais. “Era o último dia de inscrição. Fiz, mas confesso que sem muita esperança, e me surpreendi quando recebi o e-mail avisando da classificação.”

A participação no CNA Jovem trouxe conhecimentos diferenciados para Érica aplicar no projeto, principalmente na área de liderança e gestão. “É incrível e emocionante ver os olhos dos produtores rurais brilharem quando ficam sabendo que o sorvete foi feito com a fruta da sua propriedade”.

A jovem (com microfone) nos encontros do programa.

Érica conta que o programa mudou sua vida ao ampliar horizontes e abrir portas para novas oportunidades profissionais. “O CNA Jovem possibilita uma conexão gigante, traz um conhecimento igualável e hoje sou outra pessoa, mais preparada para atuar no setor”.

Érica ficou entre os dez destaques da 5ª edição e participou de uma missão técnica para visitar a produção agropecuária nas cinco regiões do País. “Foi uma experiencia única conhecer a realidade de cada estado, mas principalmente entender a magnitude do nosso agro de Norte a Sul do Brasil.”

Érica visitou a produção de uvas e vinhos em Santa Catarina durante a missão técnica.

A advogada e produtora rural queria mais e hoje Érica é também instrutora do programa de sucessão familiar rural da Faesp/Senar-SP, outro tema que faz parte da sua vida e tem uma importância muito grande para as famílias no campo.

Com as lições do passado, Érica traça os planos para o futuro. “Sigo firme no meu propósito que é trabalhar para a valorização do produtor rural. Tanto na propriedade quanto na profissão, quero contribuir cada vez mais com o desenvolvimento do agro.”

Para comemorar os dez anos do CNA Jovem, a Confederação vai trazer depoimentos de líderes que participaram de várias edições do programa.

Matéria original: https://www.cnabrasil.org.br/noticias/cna-jovem-10-anos-leis-roca-e-sorvetes

CNA Jovem 10 anos: Caminhos para transformar uma comunidade

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Capa eduarda cna jovem
A iniciativa de Eduarda Franco ajudou produtores de café em Roraima

Brasília (10/06/2024) – O trabalho do avô no campo trouxe a inspiração. A dedicação no meio rural foi o exemplo para seguir na profissão. No seu trajeto, a jovem precisou percorrer longos caminhos atrás de seus sonhos, mas voltou para aplicá-los com os produtores de uma pequena comunidade em seu estado.

De forma resumida, essa é a história de Eduarda Cutrim Franco, de 26 anos. Ela própria é um testemunho inspirador de como a paixão pelo agro, e a experiência e o desenvolvimento agregado ao programa CNA Jovem, transformaram sua vida e a de cafeicultores da comunidade indígena Kauwê, no município de Pacaraima, a 214 quilômetros de Boa Vista, capital de Roraima.

Eduarda é a filha mais velha de três irmãos. Foi o avô paterno a primeira inspiração para as atividades do campo. Quando ela tinha 12 anos, o pai assumiu os negócios da família em uma propriedade rural na cidade de Caracaraí, na vicinal do Itã. Na época, toda a família precisou se mudar para o sítio.

O avô criava carneiros e cultivava frutas como mamão, citrus e melancia. A produção abastecia o mercado da capital Boa Vista e também era comercializada no estado vizinho do Amazonas. A região sempre foi conhecida por ser rica, produtiva e um polo de fruticultura do estado de Roraima.

Ao primeiro contato com a produção agropecuária, Eduarda se apaixonou. “Esse amor pelo campo, essa sensação de pertencimento vem com certeza do meu avô. É muito importante saber como o trabalho no campo funciona e o seu real valor para a sociedade”.

Para ajudar os pais e os avós na propriedade, aos 15 anos Eduarda se inscreveu em um curso técnico em agropecuária, integrado ao ensino médio. Em meio às dificuldades, ela precisava percorrer 16 km para conseguir pegar o ônibus e chegar à instituição. “Sempre fui muito estudiosa e queria alcançar mais conhecimento, ter uma carreira dentro do setor e com a ajuda de muitos, obtive oportunidades e não as desperdicei”, afirmou Eduarda.

Eduarda durante o curso técnico em agropecuária

Ela não parou por aí. Dois anos depois se mudou para a capital para estudar. Ingressou no curso de Agronomia na Universidade Federal de Roraima e tornou-se a primeira de sua geração na família a ter um diploma de graduação.

Durante os anos de faculdade, Eduarda fez de tudo um pouco: trabalhou na biblioteca, participou do programa de educação tutorial, de projetos de pesquisa e teve experiências enriquecedoras com a comunicação. Após a conclusão do curso, foi contratada por uma empresa privada e começou a atuar em uma fazenda. Depois, foi trabalhar na área de assistência técnica e extensão rural com a agricultura familiar e indígena do estado.

Eduarda durante a faculdade de agronomia

A vida seguia dentro do que ela havia planejado, mas o seu perfil de liderança chamou a atenção de alguns amigos, que sugeriram a ela participar da 5ª edição do programa CNA Jovem, realizada entre 2022 e 2023.

O programa é uma iniciativa do Sistema CNA/Senar focada no desenvolvimento de novas lideranças capazes de mudar realidades locais, gerando valor aos seus beneficiários e deixando um legado de conhecimento no campo.

“Mesmo sendo filha de produtores rurais, o CNA Jovem trouxe amadurecimento em relação ao meu propósito, ao meu legado. Vi minha vida transformar e, a partir daí, impactar e mudar outras vidas. O programa aprimorou meu espírito de liderança, inovação e propósito de vida”, relatou.

Eduarda durante a 5ª edição do CNA Jovem

Foi por meio do CNA Jovem que Eduarda criou o projeto Café 360, direcionado à comunidade indígena Kauwê, que atualmente conta com 150 moradores. A iniciativa visava uma transformação completa, abordando um conjunto de qualificações e orientações que vão desde a gestão, agregação de valor, manejo, colheita, beneficiamento até o marketing.

“Quando o CNA Jovem surgiu, vi a oportunidade perfeita de transformar a vida dessas pessoas. Mesmo com a cafeicultura incipiente no estado, essa comunidade já se destacava com o cultivo. Com a iniciativa, tentamos profissionalizar os produtores, aumentar a participação deles em feiras e quais seriam as capacitações técnicas de acordo com as suas necessidades locais”, destacou.

Eduarda explicou que o atendimento foi feito com três produtores de café e a iniciativa foi apresentado previamente ao tuxaua (liderança do povo indígena). “Os produtores abraçaram a iniciativa e hoje ela é um sucesso, já caminha com as próprias pernas. Até inspirou outros moradores a iniciarem o plantio de café”.

Eduarda e cafeicultores da comunidade indígena Kauwê

A comunidade Kauwê conta com três marcas de café: Imeru, Uyopa e Kaikuxi, e cada um pertence a uma família diferente. “O trabalho deles tem uma história e merece ser mostrada. O café é produzido dentro da região amazônica, de forma artesanal, tem muito valor. Meu objetivo era transformar a realidade daquela comunidade, mudando o cenário da cafeicultura local e deu certo”.

A iniciativa Café 360º teve apoio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Roraima (Faerr), da Embrapa, do Sebrae Roraima e amigos pessoais de Eduarda, mas para ela, os principais apoiadores foram os produtores. “Aprendi com o CNA Jovem que a iniciativa precisa alcançar benefícios de curto, médio e longo prazos e que deve ser passado para frente. Então, considero a missão cumprida”.

Com seu desempenho de liderança apresentado na jornada do programa, Eduarda ficou entre os 10 destaques da 5ª edição do CNA Jovem e, como prêmio, teve a oportunidade de participar de uma missão técnica que percorreu o Brasil de Norte a Sul. A iniciativa apresentou, durante 17 dias, diferentes sistemas de produção agropecuária nos estados de Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso e Rondônia.

Eduarda durante missão do CNA Jovem

“Foi uma oportunidade única e transformadora. Conhecemos a produção do pequeno, médio e grande produtor, passamos por vários cenários e concluímos que o Brasil possui um agro diverso e sustentável, composto por pessoas de excelência, que amam o que fazem”, concluiu.

A história de Eduarda é um exemplo de como o amor pelo campo, aliado a oportunidades como o CNA Jovem, pode gerar uma mudança significativa não apenas pessoal, mas também em uma comunidade inteira.

Matéria original: https://www.cnabrasil.org.br/noticias/cna-jovem-10-anos-caminhos-para-mudar-uma-comunidade

CNA Jovem 10 anos: O agro no caminho da inovação

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Rogerio CNA JOV Em
Conheça a história de Rogério Leite Araújo que participou de duas edições do programa

Brasília (10/05/2024) – O que faz um jovem apaixonado por jogos digitais, ferramentas tecnológicas, inovação, que sempre soube que seria um profissional cercado de computadores e telas, enxergar no meio rural uma oportunidade de trabalho?

O pernambucano Rogério Leite Araújo, 37 anos, sabe muito bem a resposta para essa pergunta. Ele nasceu em Carpina (PE), interior do estado, mas na infância teve pouco envolvimento com o meio rural. A “paixão” pelo campo só começou quando resolveu fazer um curso técnico sobre o agro.

“Desde pequeno ouvia histórias do meu pai, da época que ele ajudava meu avô no sítio, mas não tinha noção, e nunca havia escutado, o ‘outro lado’, ou seja, o que pensam e quais as necessidades daqueles que trabalham e vivem o dia-a-dia no campo”.

Em 2015, tomou uma decisão que mudaria sua vida: resolveu se matricular no Curso Técnico em Agronegócio no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) da Paraíba. “O que me aproximou do campo foi o curso, que resolvi fazer por acaso e acabei gostando demais. Fiquei encantado com as oportunidades e possibilidades que haviam para levar meus conhecimentos na área de tecnologia para o setor”, disse.

Passar a conhecer o agro, entender as necessidades e demandas dos produtores de alimentos foi o primeiro passo. A próxima etapa seria fazer uma imersão mais profunda no setor. E a oportunidade surgiu quando a coordenadora Poliana Queiroz, do curso técnico que Rogério cursava, o incentivou a se inscrever na 2ª edição do CNA Jovem, realizado em 2016.

Rogério Leite à direita na 2ª edição do CNA Jovem em 2016

O programa é uma iniciativa do Sistema CNA/Senar focada no desenvolvimento de novas lideranças capazes de mudar realidades locais, gerando valor aos seus beneficiários e deixando um legado de conhecimento no campo.

Na etapa estadual, apesar de ser pernambucano, Rogério participou pelo estado da Paraíba, onde estava fazendo o Curso Técnico em Agronegócio. Passou por algumas etapas e foi selecionado para o nacional.

“O programa me trouxe muito aprendizado, uma bagagem gigante e um networking fantástico com pessoas incríveis espalhadas por cada canto desse país. Além de todas as vivências, oficinas, com conteúdos de alta qualidade, palestras e diversas atividades que me fizeram refletir bastante, tudo isso fez com que eu pudesse enxergar oportunidades de desenvolvimento profissional”.

Dois anos depois, em 2018, foi realizada uma edição especial do programa com 60 egressos e Rogério foi convidado a participar. “A experiência do CNA Jovem me fez dar um valor ainda maior ao campo. O convívio com pessoas ligadas ao agro me possibilitou admirar e respeitar aqueles que trabalham no setor e para o setor”.

Projeto inovador – Por que não unir essas duas paixões tecnologia e agro em um projeto inovador? E foi assim que no CNA Jovem de 2016 surgiu a “Turminha do Agro”, uma proposta multimídia que engloba jogos digitais educativos, cartilhas, oficinas lúdicas para crianças, pais e professores que atuam em escolas da zona rural e urbana.

Turminha do Agro foi criado como uma roposta multimídia que engloba jogos digitais educativos, cartilhas, oficinas lúdicas para crianças, pais e professores que atuam em escolas da zona rural e urbana

“Esse projeto já me deu e me dá ainda muita alegria, pois passei por diversos programas de incubação e aceleração de startups, fui finalista do Prêmio Citi Jovens Microempreendedores 2016, recebi voto de aplauso da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe), ganhei alguns editais, prêmios como o Delmiro Gouveia de Economia Criativa em 2020 e o Destaques 2019 ITCG, que resultou em uma imersão no Vale do Silício, entre outros reconhecimentos”.

Os desafios enfrentados pelo ex-participante do CNA Jovem na área tecnológica não foram poucos, mas o permitiu realizar sonhos. Em 2023, o “Turminha do Agro” ganhou uma nova atualização com uma proposta audiovisual que inclui músicas em canais como Spotify, Deezer e Amazon Music e vídeos animados no canal do projeto no YouTube.

Rogério em viagem ao Vale do Silício

Conquistas – Hoje, com 37 anos, Rogério é técnico em Agronegócio, graduado em Jogos Digitais e também em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Tem formação em Empreendedorismo, é especialista em Educação e Ludicidade e mestre e doutor em Engenharia de Computação.

Atua como mentor, palestrante e avaliador em grandes eventos como Campus Party, Startup Weekend, Technovation Challenge. Atualmente trabalha como coordenador pedagógico do programa de Residência Tecnológica do Porto Digital e tem uma startup chamada FalaAgro, que tem como proposta principal um aplicativo de informações colaborativas do agro.

“No FalaAgro, qualquer pessoa pode postar uma notícia, divulgar um evento ou cadastrar um negócio, ligados ao agro, sendo rápido e fácil de procurar por meio de filtros por estado, região ou tema de interesse”.

Rogério tem um sonho. Fazer com que outras pessoas que não conhecem o setor, assim como ocorreu com ele, passem a compreender a importância do agro para toda a sociedade. E que possam, com empreendedorismo e inovação, ajudar cada vez mais a transformar o campo brasileiro.

“O verdadeiro espírito de liderança aparece nos momentos mais desafiadores. Temos que dar o nosso melhor, encontrar o que nos faz bem para inspirar outros jovens e pessoas a seguirem os nossos passos, passando por desafios maiores e tendo grandes conquistas”.

A diretora de Educação Profissional e Promoção Social do Senar, Janete Lacerda, ressaltou que a dedicação de Rogério em cada atividade, somada à sua disposição para aprender e colaborar é inspiradora. “Não é à toa que o CNA Jovem é reconhecido como um programa que forma líderes excepcionais. Pessoas como Rogério Leite são a prova de que estamos no caminho certo para um futuro promissor no agronegócio brasileiro”.

Para a coordenadora do Programa CNA Jovem, Fernanda Nonato, a iniciativa se destaca dos programas tradicionais ao focar não apenas no líder como indivíduo, mas também em seu papel como um agente de mudança para o avanço do setor.

“Rogério é um exemplo disso. Seu propósito e capacidade criativa refletem em iniciativas que têm contribuído para aumentar o conhecimento sobre a agropecuária e a valorização dos produtores rurais. É um trabalho que alcança inclusive o público infantil, transmitindo a essência do campo e a origem de nossos alimentos”, afirmou.

A história de Rogério é a terceira reportagem de uma série de matérias que serão divulgadas até dezembro de 2024 para celebrar os 10 anos do programa CNA Jovem.

Conheça a Turminha do Agro:

Matéria original: https://cnabrasil.org.br/noticias/cna-jovem-10-anos-o-agro-no-caminho-da-inovacao

CNA Jovem 10 anos: Sucessão que revela desafios e muda rota profissional

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Sinval destaque
Sinval Pereira de Andrade, de Teresina (PI), precisou desenvolver novas competências para atuar no meio rural

Brasília (10/04/2024) – A história de Sinval Pereira de Andrade Neto com o agro vem da infância na fazenda da avó, no interior do Piauí. Já adolescente, acompanhou os desafios da família na criação de suínos. Mas foi com 28 anos que surgiu o convite que mudou sua trajetória: suceder o pai na administração da propriedade rural.

“As férias escolares de julho e de dezembro eram muito esperadas. Nessa época, eu e meus dois irmãos acompanhávamos a rotina da roça na fazenda da avó materna em Aroazes, no interior do estado”, conta.

Infancia Fazenda em Aruazes

Sinval (à direita) na fazenda da família em Aroazes a cerca de 230 km de Teresina

Produtor, empresário rural, formado em direito, estudante de ciências econômicas, palestrante de temas como manejo de suínos, nutrição animal, genética. Aquelas primeiras observações da infância já davam uma pista de como Sinval, hoje com 36 anos, iria buscar conhecimento em várias etapas da vida para aplicá-lo nas múltiplas tarefas que exerce no dia-a-dia.

A trajetória do produtor está inteiramente ligada a uma guinada profissional na vida do próprio pai, Raimundo Nonato Lira Rabêlo, que se aposentou como professor de matemática na Universidade Federal do Piauí (UFPI) e, então, decidiu se dedicar à produção de suínos, e com uma dedicação tão marcante que foi um dos responsáveis por fundar a Associação Piauiense de Suinocultores.

“No final da década de 80, meu pai saiu da sala de aula para se dedicar à atividade rural. Então, desde a adolescência, acompanhava a rotina, via a forma como ele lidava com os negócios, os desafios da produção de suínos e as alternativas para superar as dificuldades da atividade”, diz.

Acompanhou por cerca de 20 anos as adaptações que o pai promovia para melhorar os modelos de negócios até que, em 2016, veio um chamado que mudaria a sua vida a partir dali. “Eu estava com 28 anos e ele me convidou para tocar os negócios”.

Aceitou o desafio “com muita honra” e o processo de sucessão durou aproximadamente um ano. “Foi preciso um esforço enorme para entender o funcionamento da propriedade, da empresa rural, e também um esforço muito grande para dar certo”.

Com uma responsabilidade “desse tamanho” transferida a ele pelo pai, Sinval buscou mais conhecimento na área para impulsionar sua liderança empreendedora. Foi aí que teve a oportunidade de participar, em 2018, da 3ª edição do CNA Jovem como representante do estado do Piauí. Ele foi identificado como potencial liderança e por isso foi indicado pelo Sistema Faepi/Senar-PI.

Sinval CNA Jovem

Após as etapas estaduais, Sinval também participou dos encontros nacionais do programa em Brasília em 2019

O CNA Jovem, que neste ano completa 10 anos, é uma iniciativa do Sistema CNA/Senar focada no desenvolvimento de lideranças totalmente voltadas para as especificidades do setor agropecuário e, em particular, para o objetivo de promover sucessão dos jovens a posições de liderança nas propriedades rurais, associações, cooperativas, dentro do próprio Sistema CNA e demais organizações que compõem o agro brasileiro. Para saber mais, acesse: https://cnajovem.org.br/

Desafios

“Eu estava com 30 anos, idade limite para ingressar no programa, mas sou muito grato pela oportunidade. Tive a chance de desenvolver novas habilidades e competências para a liderança empreendedora, aprendi a lidar com os meus desafios pessoais, fiz uma ótima rede de contatos”, diz.

No CNA Jovem, o desafio proposto por Sinval foi promover o incremento da carne suína no hábito alimentar da população teresinense.

E foi a intensa jornada do CNA Jovem – etapas estaduais, nacionais, atividades em campo, oficinas, mentoria, diversas capacitações – que também o preparou para expandir os negócios dentro daquilo que ele já vinha planejando.

Em 2022, Sinval criou uma nova empresa de carnes nobres de suínos, ovinos e caprinos com sede em Teresina, uma nova alternativa de solução para o seu mesmo desafio.

“Uma constatação importante do CNA Jovem é que os desafios persistem no tempo, o que muda, e muda muito, são as expetativas de resultados, as prioridades e, por conseguinte, as soluções inovadoras para cada um deles”, explica a coordenadora nacional do programa, Fernanda Jackeline Nonato.

“A empresa busca impulsionar o setor de carnes nobres e fortalecer a produção da agricultura de famílias locais, contribuindo para o desenvolvimento regional. Além da produção de suínos de uma propriedade da família, em Teresina, recebemos ovinos e caprinos de cooperativas e associações de produtores do sul do Piauí, nordeste da Bahia e oeste de Pernambuco”, destaca Sinval.

Carré francês suíno é um dos produtos comercializados em todo o estado

Inteligência artificial no campo

Os negócios do meio rural demandam cada vez mais conhecimento e tecnologia e, para ajudá-lo na empreitada dos novos negócios, convidou um de seus irmãos Ricardo de Andrade Lira Rabêlo, que atua na área de computação, para apoiar a iniciativa.

“Nesse momento, estamos experimentando a tecnologia de inteligência artificial para a avaliação de peso. Por meio de um sistema de câmeras, conseguimos identificar o peso dos animais. Isso otimizará tempo para que não seja necessário pesar os animais individualmente”, afirmou Sinval.

Atualmente, são 14 funcionários trabalhando na granja de suínos e na unidade de beneficiamento de carnes. Em menos de dois anos de funcionamento, os produtos são comercializados em grandes redes de supermercados de todo o estado do Piauí.

Sinval (ao centro de camisa xadrez); o seu irmão (à direita de camisa polo preta e óculos) e o pai (à direita na imagem com camiseta branca)

Para alcançar esses resultados, ele atribui boa parte do sucesso às habilidades desenvolvidas com sua participação do CNA Jovem e ao conhecimento que ainda hoje absorve de seu pai.

Desde que propôs em 2018, durante o CNA Jovem, o desafio de aumentar o consumo de carne suína, Sinval sempre soube quais eram os resultados esperados, suas metas e aonde queria chegar.

Fernanda explica que no programa os participantes também aprendem que os planos para superação dos desafios são construídos e executados baseados nos meios disponíveis.

“A partir disso eles crescem conforme a capacidade pessoal do líder de conseguir apoiadores, firmar compromissos e produzir mais resultados. Isso, Sinval aprendeu bem”.

Em 2023, sua dedicação e os resultados alcançados foram reconhecidos com o prêmio de empreendedor do ano pela Sociedade Nordestina de Produção Animal.

“Me lembro de uma frase célebre, muito conhecida, que meu pai leu em um artigo há muito tempo: ‘o que não pode ser medido, não pode ser gerenciado’. No mundo dos negócios, precisamos medir tudo para alcançar os objetivos’.

A história de Sinval é a segunda reportagem de uma série de matérias que serão divulgadas até dezembro de 2024 para celebrar os 10 anos do programa CNA Jovem.

Fotos: arquivo pessoal

Matéria original: https://cnabrasil.org.br/noticias/cna-jovem-10-anos-sucessao-que-revela-desafios-e-muda-rota-profissional

CNA Jovem 10 anos: Conselho do pai inspira filho a aplicar conhecimento no campo

By Notícias
Jildson (de camisa verde) junto com o pai, José Nilson Souza; a mãe, Maria Oliveira e a mulher, Emmily Rodrigues na colação de grau da universidade

Brasília (10/03/2024) – “Vá estudar para ter uma vida melhor”. Quando Jildson Oliveira Souza ouviu o conselho do pai tinha apenas 15 anos. Apesar de muito jovem, já carregava uma certeza: iria sim seguir a orientação e sair em busca de conhecimento, mas para construir sua própria história ali mesmo, na propriedade da família, no povoado de Rose, em Santaluz, a cerca de 270 quilômetros de Salvador.

Hoje com 26 anos, Jildson sempre soube que o “vá estudar”, mais do que uma obrigação, seria uma oportunidade para transformar a vida do pai, José Nilson Souza, de sua família, e de outros produtores no “território do sisal”, uma região que abrange 20 municípios do semiárido baiano.

A iniciativa para aproveitamento dos resíduos da extração da folha de sisal foi destaque no CNA Jovem

Aos 15 anos, ao iniciar o curso de técnico agrícola, integrado ao ensino médio, na Escola Família Agrícola do Sertão (Efase), em Monte Santo, a 116 km de sua cidade natal, o jovem começou a estudar a cultura do sisal e uma questão sempre estava presente: como aproveitar a versatilidade da fibra, já usada na fabricação de tapetes, cordas, carpetes, para transformá-la em alimentos?

José Nilson na colheita de sisal na propriedade da família

“Meu pai vendia apenas a fibra, que corresponde a cerca de 4% da folha, então passei a buscar o conhecimento para aproveitar os resíduos de sisal, gerados na extração, para alimentar os animais do sítio. Ficou como um desafio, um objetivo: mostrar ao meu pai que isso seria viável”.

A busca pelo conhecimento mudou de patamar, mas os objetivos continuaram os mesmos quando Jildson, com 19 anos, foi aprovado no curso de engenharia agronômica na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no campus de Euclides da Cunha (BA).

Jildson na propriedade da família peneira os resíduos com a máquina peneira rotativa, desemvolvida pela Embrapa

“Os professores me ajudaram a delimitar o estudo na utilização dos resíduos gerados na extração da fibra do sisal para fazer compostagem e também utilizar na adubação e cobertura de solo. Meu sonho era transformar todo aquele conhecimento, a pesquisa, em algo aplicável”.

Na 4ª edição do CNA Jovem, Jildson foi um dos destaques com o grupo EducaAgro

Foi então que, em 2020, Jildson soube do CNA Jovem por meio de um professor da própria Universidade e decidiu se inscrever para a 4ª edição do programa, realizada entre agosto daquele ano e outubro de 2021 e, pela primeira e única vez, totalmente virtual em razão da pandemia de Covid-19.

O CNA Jovem é uma iniciativa do Sistema CNA/Senar focada no desenvolvimento de novas lideranças capazes de mudar realidades locais, gerando valor aos seus beneficiários e deixando um legado de conhecimento no campo. Ou seja, tudo aquilo que Jildson procurava.

À época, ele integrou o grupo EducaAgro, que se sobressaiu no CNA Jovem entre as dez equipes formadas para apresentar soluções aos desafios prioritários do agro que, para a sua equipe, era aproximar a pesquisa ao campo e tornar-se uma rede propulsora de uso de bioinsumos na agropecuária.

Gostou tanto da experiência de integração e aprendizados com outros jovens do agro do Brasil que resolveu se inscrever e participar da 5ª edição do CNA Jovem, em outubro de 2022, para trazer mais respostas que pudessem ajudá-lo a implementar seus projetos no campo. Agora, os tempos eram outros e não havia mais o distanciamento social imposto pela pandemia.

“Nas atividades de propósito de vida, autoconhecimento e oficinas ao longo da jornada do CNA Jovem, finalmente descobri que poderia desenvolver uma ação concreta em prol dos produtores de sisal”, lembra.

Então, ele percorreu de moto 600 quilômetros para visitar produtores e representantes de algumas entidades dos municípios de Valente, Santaluz, Conceição do Coité, tudo para identificar os reais problemas de seus beneficiários antes de pensar em soluções. “Precisava das informações de outros produtores, pois só tinha a experiência do meu pai”.

O apoio e a vivência adquirida no CNA Jovem, programa que em 2024 completa dez anos e já envolveu 7.047 jovens de 22 a 30 anos de todas as regiões o país, representaram uma virada de chave para a concretização dos objetivos de Jildson.

“Consegui desenvolver a liderança empreendedora para a identificação de um problema, que já vinha estudando há dez anos, e transformá-lo em uma oportunidade para os produtores da minha região melhorarem a renda de suas famílias por meio da reutilização dos resíduos do sisal na sua produção”.

Dia de campo com os produtores de sisal no povoado de Rose, em Santaluz (BA)

Em 2023, na execução da sua iniciativa de liderança, Jildson reuniu 30 produtores de sisal, incluindo o pai, em um dia de campo no povoado de Rose. Como “ninguém faz nada sozinho”, ele mobilizou instituições e contou com o apoio do Sindicato de Produtores Rurais, secretarias municipais de agricultura, além de técnicos do Senar-BA.

Essa foi apenas uma das grandes ações que foi reconhecida como destaque na categoria Iniciativa de Liderança Empreendedora ao término do programa CNA Jovem.

Jildson compartilhou com os produtores de sisal o resultado de suas pesquisas

“Mostrei aos produtores como implantar unidades de processamento do resíduo do sisal em suas propriedades. Para quem cria animais, como é o caso do meu pai, expliquei o processo para o aproveitamento e conversão em alimentação para o rebanho, desde a mucilagem do resíduo até a transformação em feno”, explicou.

Para os produtores que não criam animais, a alternativa apresentada foi a unidade de processamento para a adubação do solo da lavoura de sisal. “É um processo de ciclagem de nutrientes, que contribui para a qualidade do solo e crescimento das culturas, tornando a propriedade mais sustentável”.

Dos 30 produtores que participaram do dia de campo, 13 já implantaram a unidade de beneficiamento de resíduo. Neste ano, Jildson vai dar continuidade na iniciativa para compartilhar o resultado de suas pesquisas com mais produtores.

Jildson em atividade no ensino técnico agrícola

Ao lembrar de sua jornada, Jildson sente como “se estivesse assistindo a um filme” onde o CNA Jovem ocupa uma parte fundamental do roteiro. A caminhada continua, mas ele não esquece da inspiração do passado.

“Meu pai é minha inspiração. Lá atrás, quando ele me falou para estudar, tudo foi se encadeando até eu conseguir concretizar uma ação que está contribuindo para a melhoria de vida dele e de outras pessoas do povoado. A importância do sisal em minha vida é fora do normal”, disse emocionado.

A história de Jildson faz parte da série de dez matérias que serão divulgadas até dezembro de 2024 para celebrar os 10 anos do programa CNA Jovem.

Para saber mais, acesse: https://cnajovem.org.br/

Fotos: Wenderson Araujo e arquivo pessoal

Matéria original: https://cnabrasil.org.br/noticias/cna-jovem-10-anos-conselho-do-pai-inspira-filho-a-aplicar-conhecimento-no-campo

Missão técnica do CNA Jovem encerra jornada em Brasília

By Notícias
Cna Jovem bsb

Depois de 16 dias percorrendo cinco estados para conhecer as principais regiões do agro brasileiro, os vencedores do CNA Jovem encerraram na terça (05/07) a missão técnica em uma visita técnica à sede do Sistema CNA/Senar, em Brasília.

O grupo participou de agenda com o presidente da instituição, João Martins; com o vice-presidente da CNA, deputado José Mário Schreiner, com o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Daniel Carrara, e demais diretores das áreas do Sistema CNA/Senar.

João Martins destacou que a CNA é a casa do produtor rural brasileiro. “Por isso, a missão não podia deixar de encerrar aqui. O CNA Jovem é destinado ao desenvolvimento de futuros gestores do agro, do Sistema CNA e do Brasil. A missão técnica pelas principais regiões produtoras de alimentos mostrou que o campo é um bom lugar para viver e obter resultados econômicos satisfatórios”. 

O presidente da CNA ainda ressaltou que os jovens voltarão aos seus estados com uma percepção mais ampla do setor. “Eles vão levar novos conceitos de como ajudar os produtores no momento necessário”.

Os vencedores da quarta edição do CNA Jovem são Elienai Silva (Bahia), Francisco Caio Vasconcelos (Ceará), Ana Carolina Zimmermann (Distrito Federal), Laerte Mendonça Neto (Minas Gerais) e Lucas Dierings (Paraná). 

De 19 de junho a 5 de julho, a missão passou pelos estados da Bahia, Minas Gerais, Pará, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal.

Antes do encontro com o presidente do Sistema CNA, os jovens fizeram um tour pelas instalações da instituição e tiveram a oportunidade de trocar experiências com os diretores e assessores das áreas.

Eles fizeram uma avaliação da viagem e relataram as impressões que tiveram em cada local em encontros com a diretora de Educação de Profissional e Promoção Social do Senar, Janete Almeida; a diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori; o diretor técnico adjunto da CNA, Reginaldo Minaré; a coordenadora da DEPPS, Deimiluce Coaracy, e com a coordenadora nacional do CNA Jovem, Fernanda Jackeline Nonato, que integrou a missão.

O que dizem os jovens

“Ao viajar pelo Brasil, percebemos as diferentes realidades das culturas produtivas do agronegócio e como o conhecimento e o aprendizado levados pelo Senar para alcançar produtores e trabalhadores rurais são importantes. Aqui em Brasília, observamos como tudo isso é estruturado”, disse Lucas Dierings.

“Foi uma honra estar na CNA porque sou do nordeste, do estado da Bahia, e atuo diretamente com produtores da agricultura familiar, com o cooperativismo focado na fruticultura. Ao chegar chega aqui na CNA observamos o trabalho para defender os direitos do produtor para garantir a produção de alimentos”, ressaltou Elienai Trindade.

“Temos muitas riquezas no nosso país, com enorme diversidade de pessoas e culturas. Observar essas particularidades, entender os desafios e os pontos comuns foi bastante interessante. Fiquei encantada com o trabalho das comissões jovens que estão surgindo no país para a renovação e engajamento da juventude no meio rural”, declarou Ana Carolina Zimmermann.

“A missão técnica do CNA Jovem proporcionou vivenciar de forma intensa a organização coletiva, profissionalização de diversas cadeias produtivas, como da área de grãos, produção de café e de vinhos. O engajamento dos sindicatos rurais para o fortalecimento dos produtores foi outro ponto que chamou a atenção”, afirmou Caio Vasconcelos.

“Ter a oportunidade de conhecer as histórias e mentalidades dos produtores rurais, cujas famílias estão há várias gerações atuando no setor agropecuário, foi o que mais me marcou. A vontade de fazer a diferença dos líderes com os quais tivemos contato foi bastante impactante. Isso serve como exemplo para todos nós”, observou Laerte Neto.